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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Quarta parte do ESTUDO DE ROMANOS Rm .cap 7 e 8

CONTINUAÇÃO AULA 08
Rm. 7 -  Para que a Lei?
Se já não estamos debaixo da Lei, por que, então, ela foi outorgada? Não foi outorgada como meio de alcançar a salvação, mas sim como meio de preparar a raça humana para perceber que precisa de um Salvador. A Lei nos torna conscientes da diferença entre o certo e o errado e nos demonstra que o homem, nascido com uma natureza pecaminosa, nunca chegará a obedecê-la plenamente. É só quando nos damos conta de nossa incapacidade que passamos a desejar um Salvador e da valor a ele.
A luta entre nossa natureza pecaminosa e o intimo de nosso ser (7.14-25). Aqui Paulo apresenta o grande dilema humano: a luta entre nossa natureza pecaminosa, que quer seguir os próprios desejos, e nossa natureza espiritual, que anseia por obedecer a Deus. A outra lei à qual Paulo se refere no versículo 23 é a própria vontade (que Deus nos deu), a qual com demasiada freqüência, é controlada pela natureza pecaminosa, e não pela espiritual e piedosa. A guerra em nosso íntimo provém do fato de, sabendo o que é certo, permitirmos que nossa natureza pecaminosa nos persuada a fazer coisas erradas, que achamos mais agradáveis. Paulo expressa sua gratidão a Cristo pela libertação da natureza pecaminosa contra qual  não possuía forças para lutar.
No presente capítulo, vem à nossa mente a alegria suprema de Martinho Lutero quando se deu conta, de uma só vez, de que Cristo podia fazer por ele o que lutara em vão para fazerem seu favor! É urna ilustração do domínio que a Lei pode exercer sobre a alma sincera, deprimida pela incapacidade de viver à altura daquela - e do alívio que se acha em Cristo.

7.4 - Mortos para a lei. Já não dependemos da Lei e dos sacrifícios do AT para sermos salvos e aceitos diante de Deus (Gl 3.23-25; 4.4,5). Fomos alienados da antiga aliança da Lei e unidos a Cristo para a salvação. Devemos crer em Jesus (1 Jo 5.13), receber o seu Espírito e a sua graça e, assim, receber o perdão, ser regenerados e capacitados para produzir fruto para Deus (6.22,23; 8.3,4; Ef 2.10; Gl 5.22,23; Cl 1.5,6)

7.7 - Não conheci o pecado senão pela lei. Os versículos 7-25 descrevem a experiência pré-conversão de Paulo, ou de qualquer outra pessoa que procura agradar a Deus, sem depender da sua graça, misericórdia e poder.

1) Nos versículos 7-12, Paulo descreve o período de inocência do indivíduo até chegar à "idade da responsabilidade". Ele "vive" (v. 9), sem culpa nem responsabilidade espiritual, até que deliberadamente peca contra a lei de Deus escrita externamente ou no seu coração (2.14,15; 7.7,9,11).

2) Nos versículos 13-20, Paulo retrata um estado de escravidão ao pecado, porque a Lei, uma vez conhecida, traz inconscientemente o pecado para a consciência e, assim, o indivíduo passa a ser realmente um transgressor. O pecado se torna seu senhor, embora ele se esforce para resistir-lhe.

3) Nos versículos 21-25, Paulo revela o desespero total da pessoa, à medida que o conhecimento e o poder do pecado o reduzem à miséria.

7.9-11 -=Eu, nalgum tempo vivia... As declarações de Paulo, "eu... vivia" (v. 9) e "o pecado... me matou" (v. 11), apóiam a crença geral que a criança é inocente até deliberadamente pecar contra a lei de Deus no coração. O ensino que diz que as criancinhas entram no mundo afetado pela culpa do pecado e dignas da condenação eterna não se acha nas Escrituras.

7.14 - A lei. Lembremo-nos de que Paulo, no capítulo 7, está analisando o estado da pessoa irregenerada e sujeita à lei do AT, mas consciente da sua incapacidade de viver uma vida agradável a Deus (v. 1). Ele descreve uma pessoa lutando sozinha contra o poder do pecado e demonstrando que não poderemos alcançar a justificação, a santidade, a bondade e a separação do mal mediante o nosso próprio esforço para resistir ao pecado e guardar a lei de Deus. O conflito do cristão, por outro lado, é bem diferente: é um conflito entre uma pessoa unida a Cristo e ao Espírito Santo, de um lado, contra o poder do pecado, de outro lado (Gl 5.16-18). No capítulo 8,Paulo descreve o caminho da vitória sobre o pecado, mediante a vida no Espírito.

7.14 eu sou carnal, vendido sob o pecado. Mais incisivas do que as demais palavras do capítulo 7, estas aqui falam claramente num período sob a Lei, na vida de Paulo, antes da sua conversão. Esse fato é comprovado pelas seguintes razões:

1) No capítulo 7, Paulo está demonstrando a insuficiência da Lei para nos redimir, à parte da graça, e não a insuficiência do evangelho aliado à graça ( Gl 3.24).

2) No versículo 5, Paulo declara que os que estão "na carne" (i.e., são carnais, sensuais) produzem "fruto para a morte" (a morte eterna). E em 8.13, ele afirma que "se viverdes segundo a carne, morrereis" (Gl 5.19-21). Logo, o tipo de pessoa referido no capítulo 7 está espiritualmente morta.

3) A expressão "vendido sob o pecado" significa servidão ou escravidão do pecado (1 Rs 21.20,25; 2 Rs 17.17). Tal linguagem não pode ser aplicada ao crente em Cristo, porque Ele, pelo preço do resgate pelo seu sangue , redimiu-nos do poder do pecado e declara que o pecado já não tem domínio sobre nós (6.14). O próprio Cristo afirmou: "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres" (ver Jo 8.36 ; Rm 8.2). Realmente, o nome Jesus significa "Ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mt 1.21).
     
4) Além disso, a presença do Espírito Santo, habitando em nós (Rm 8), não deixa os crentes "vendidos sob o pecado". Paulo declara, ainda, no mesmo capítulo, que "a lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado" (8.2), e ele inclui a si mesmo entre os que não andam "segundo a carne, mas segundo o Espírito" (8.4),porque "somos devedores, não à carne" (8.12).

7.15 – O que quero, isso não faço. Aqueles que tentam obedecer aos mandamentos de Deus sem a graça salvífica de Cristo, descobrem que são incapazes de realizar as boas intenções do seu coração. Não são senhores de si mesmos; o mal e o pecado governam o seu ser. São escravos dessas coisas (vv. 15-21); presos "debaixo da lei do pecado" (v. 23). É somente para os que estão em Cristo, que Deus, juntamente com a tentação, "dará também o escape, para que a possais suportar" (1 Co 10.13).

7.22 - Tenho prazer na lei de Deus. Muitos crentes sob a Lei do AT verificaram que, em si mesmos, tinham prazer na lei e nos mandamentos de Deus (Sl 119; Is 58.2). Entretanto, ao mesmo tempo, quando buscavam ajuda apenas da Lei, as paixões da carne neles imperavam (v. 23). Igualmente na igreja, hoje, pode haver os que reconhecem a justiça, a pureza e a excelência do evangelho de Cristo, no entanto, por não terem em si a experiência da graça regeneradora de Cristo, verificam que são escravos e prisioneiros do pecado. Quando tentamos viver livres do domínio do pecado e da imoralidade, todos os nossos esforços para isto são inúteis, a menos que sejamos realmente nascidos de novo, reconciliados com Deus, libertos do poder de Satanás e como novas criaturas em Cristo, vivendo uma vida renovada no Espírito Santo (Jo 3.3; Rm 8; 2 Co 5.17).

7.24 - Miserável homem que eu sou! A pessoa não convertida, em sua luta desigual com o pecado, termina dominada, cativa (v. 23). O pecado vence e a pessoa vende-se ao pecado como escrava (v. 14). Miserável condição esta; quem poderá livrar-nos? A resposta é: "por Jesus Cristo, nosso Senhor" (v. 25). É Ele o único que pode nos libertar "da lei do pecado e da morte" (8.2)

Rm. 8 - A lei do Espírito
Esse é um dos capítulos mais amados de toda a Bíblia.
O Espírito que habita nos fiéis. (v.1 – 11) Em Cristo não somente recebemos o perdão dos nossos pecados, mas também a nova vida, o novo nascimento. A nossa vida natural é, por assim dizer, impregnada pelo Espírito de Deus, e nasce dentro de nós um novo espírito, uma natureza divina ainda incipiente, de modo semelhante ao começo da vida física, da natureza adâmica, pelos nossos pais.
Nossa vida natural, proveniente de Adão, e a nova vida, divina, proveniente de Cristo: essa é a realidade dentro de nós. Talvez não a sintamos nem tenhamos consciência dela, mas ela existe. Aceitamos esse fato como questão de fé. Existe, dentro de nós mesmos, além do alcance de nosso conhecimento consciente, a vida divina, nascida do Espírito de Deus, ou seja, sob seu amoroso cuidado, operando sem alarde, mas sem se cansar, visando obter controle da totalidade do nosso ser e nos transformar segundo a imagem de Deus. Essa é a vida que desabrochará em glória imortal no dia da ressurreição.

Nossa obrigação para com o Espírito (v. 12-17). Viver segundo o Espírito significa que, embora dependamos total e implicitamente de Cristo para a salvação, continuamos lutando extenuantemente para obedecer à sua Palavra. Paulo deixa explícito que a graça de Cristo não nos desobriga de fazer tudo o que está ao nosso alcance para vivermos em retidão.
No entanto, "viver de acordo com a carne” segundo nossa natureza pecaminosa — importa em capitular diante da gratificação dos desejos de nossa natureza pecaminosa. Alguns desejos são perfeitamente naturais e necessários, tais como o desejo de alimentos. Alguns desejos são errados. Devemos nos abster totalmente dos desejos errados. Podemos desfrutar dos demais, mas sempre tomando o cuidado de manter nossa vontade focalizada em Cristo.

8.1 - Os que estão em cristo Jesus. Paulo acaba de demonstrar que a vida sem a graça de Cristo é derrota, miséria e escravidão do pecado. Agora, em Rm 8, Paulo nos diz que a vida espiritual, a liberdade da condenação, a vitória sobre o pecado e a comunhão com Deus nos vêm pela união com Cristo, mediante o Espírito Santo que em nós habita. Ao recebermos o Espírito e sermos por Ele dirigidos, somos libertos do poder do pecado e prosseguimos adiante para a glorificação final em Cristo. Essa é a vida cristã normal, segundo a plena provisão do evangelho.

8.2 - A lei do espírito. Esta "lei do espírito de vida" é o poder e a vida do Espírito Santo, reguladores e ativadores operando na vida do crente. O Espírito Santo entra no crente e o liberta do poder do pecado ( 7.23). A lei do Espírito entra em plena operação, à medida que os crentes se comprometem a obedecer ao Espírito Santo (vv. 4,5,13,14). Descobrem que um novo poder opera dentro deles; poder este que os capacita a vencer o pecado. A "lei do pecado e da morte", neste versículo, é o poder dominante do pecado, que faz da pessoa uma escrava do pecado (7.14), reduzindo-a à miséria (7.24).

8.4 - Para que a justiça da lei se cumprisse em nós. O Espírito Santo operando dentro do crente, capacita-o a viver uma vida de retidão que é considerada o cumprimento da lei moral de Deus. Sendo assim, a operação da graça e a guarda da lei moral de Deus não conflitam entre si ( 2.13; 3.31; 6.15; 7.12,14). Ambas revelam a presença da justiça e da santidade divinas.

8.5-14 - Segundo a carne... segundo o espírito. Paulo descreve duas classes de pessoas: as que vivem segundo a carne e as que vivem segundo o Espírito.

1) Viver "segundo a carne" ("carne", aqui, é o elemento pecaminoso da natureza humana) é desejar e satisfazer os desejos corrompidos da natureza humana pecaminosa; ter prazer e ocupar-se com eles. Trata-se não somente da fornicação, do adultério, do ódio, da ambição egoísta, de crises de raiva, etc. (ver Gl 5.19-21), mas também da obscenidade, de ser viciado em pornografia e em drogas, do prazer mental e emocional em cenas de sexo, em peças teatrais, livros, vídeo, cinema e assim por diante .

2) Viver "segundo o Espírito" é buscar a orientação e a capacitação do Espírito Santo e submeter-nos a elas e concentrar nossa atenção nas coisas de Deus.
É estar sempre consciente de que estamos na presença de Deus, e nEle confiarmos para que nos assista e nos conceda a graça de que carecemos para que a sua vontade se realize em nós e através de nós. (3) É impossível obedecer à carne e ao Espírito ao mesmo tempo (vv. 7,8; Gl 5.17,18). Se alguém deixa de resistir, pelo poder do Espírito Santo, a seus desejos pecaminosos e, pelo contrário, passa a viver segundo a carne (v.13), torna-se inimigo de Deus (8.7; Tg 4.4), e a morte espiritual e eterna o aguarda (v.13). Aqueles cujo amor e solicitude estão prioritariamente fixados nas coisas de Deus, podem esperar a vida eterna e a comunhão com Ele (vv. 10,11,15,16)

8.9 - Se... o espírito de deus habita em vós. Todo crente, desde o momento em que aceita Jesus Cristo como Senhor e Salvador, tem o Espírito Santo habitando nele (v. 9; cf. 1 Co 3.16; 6.19,20)

8.10 corpo... está morto por causa do pecado. O pecado invadiu o elemento físico do nosso ser; daí o nosso corpo ter que morrer, ou ser transformado (1 Co 15.50-54; 1 Ts 4.13-17). Mas, porque Cristo está em nós, experimentamos agora a vida do Espírito.

8.13 - Mortificardes as obras do corpo. Paulo salientou a necessidade da guerra contínua contra tudo que tentar limitar a obra de Deus em nossa vida (cf. 6.11-19), porque o pecado sempre se esforça para reconquistar o seu controle sobre nós.

1) Esse conflito espiritual, embora seja dirigido contra Satanás e todas as hostes espirituais (Ef 6.12), é, antes de tudo, contra as paixões e desejos da "carne",da natureza humana pecaminosa (Gl 5.16-21; Tg 4.1; 1 Pe 2.11). Como crentes, devemos sempre decidir o seguinte: não ceder aos desejos pecaminosos, e sim aos ditames da natureza divina, da qual somos participantes (Gl 5.16,18; 2 Pe 1.4).

2) O fato de o crente não pôr um fim às ações pecaminosas do corpo resulta em morte espiritual (vv. 6,13) e perda da herança no reino de Deus (Gl 5.19-21). A palavra "morrereis" (v. 13) significa que um cristão pode passar da vida espiritual para a morte espiritual. Assim, a vida de Deus que recebemos ao nascer de novo (Jo 3.3-6) pode ser apagada na alma do crente que se recusa a mortificar, pelo poder do Espírito, os atos pecaminosos do corpo.

8.14 - Esses são filhos de Deus. Aqui, Paulo mostra a base da certeza da salvação. Se estamos fielmente mortificando as ações pecaminosas do corpo (v. 13), estamos sendo guiados pelo Espírito. Todos os que são guiados pelo Espírito são filhos de Deus.

8.14 - Guiados pelo espírito de Deus. O Espírito Santo habita no crente como filho de Deus, a fim de levá-lo a pensar, falar e agir de conformidade com a Palavra de Deus.

1) Ele orienta o crente, principalmente, por impulsos que:
a) são exortações interiores para o crente cumprir a vontade de Deus e mortificar as obras pecaminosas do corpo (v. 13; Fp 2.13; Tt 2.11,12);

b) estão sempre em harmonia com as Escrituras (1 Co 2.12,13; 2 Pe 1.20,21);

c) visam a dar orientação na vida (Lc 4.1; At 10.19,20; 16.6,7);

d)opõem-se aos desejos pecaminosos oriundos das tendências naturais do crente (Gl 5.17,18; 1 Pe 2.11);

e) têm a ver com a culpa do pecado, o padrão da justiça de Cristo e o juízo divino contra o mal (Jo 16.8-11);

f) exortam o crente a perseverar na fé e o advertem contra a apostasia da sua fé em Cristo (v.13; Hb 3.7-14);

g) enfraquecem à medida que o crente deixa de obedecer aos apelos do Espírito (1.28; Ef 4.17-19,30,31; 1 Ts 5.19);

h) resultam em morte espiritual quando rejeitados (vv. 6,13); e

 I) resultam em vida espiritual e em paz quando obedecidos (vv. 6,10,11,13; Gl 5.22,23).

2) Os avisos ou a voz interior do Espírito vêm através de:
a) ler a Palavra de Deus (Jo 14.26; 15.7,26; 16.13; 2 Tm 3.16,17);
b) orar fervorosamente (8.26; At 13.2,3);
c) ouvir a pregação e ensino sadios e santos (2 Tm 4.1,2; Hb 13.7,17);
d) exercitar as manifestações do Espírito (ver 1 Co 12.7-10; 14.6); e (e) acatar os conselhos de pais cristãos e de líderes espirituais fidedignos (Ef 6.1; Cl 3.20).

8.16 - O mesmo espírito testifica. O Espírito Santo nos transmite a confiança de que, por Cristo e em Cristo, agora somos filhos de Deus (v. 15). Ele torna real a verdade de que Cristo nos amou, ainda nos ama e vive por nós no céu, como nosso Mediador (Hb 7.25). O Espírito também nos revela que o Pai nos ama como seus filhos por adoção, não menos do que Ele ama seu Filho Unigênito (Jo 14.21,23; 17.23). Finalmente, o Espírito cria em nós o amor e a confiança que nos capacitam a lhe clamar: "Aba, Pai" (v. 15).

8.17 - Se... com ele padecemos. Paulo nos faz lembrar que a vida vitoriosa no Espírito Santo não é nenhum caminho fácil. Jesus sofreu, e nós que o seguimos sofreremos também. Esse sofrimento é considerado um sofrimento em conjunto com Ele (2 Co 1.5; Fp 3.10; Cl 1.24; 2 Tm 2.11,12) e advém do nosso relacionamento com Deus como seus filhos, da nossa identificação com Cristo, do nosso testemunho dEle e da nossa recusa de nos conformar com o mundo (12.1,2).

8.18 - As aflições deste tempo presente. Todos os sofrimentos do momento enfermidade, dor, calamidade, decepções, pobreza, maus-tratos, tristeza, perseguição e todos os tipos de aflição devem ser considerados insignificantes ante a bênção, os privilégios e a glória que serão concedidos ao crente fiel, na era vindoura ( 2 Co 4.17).
O sofrimento de toda a criação (v. 18-25). A totalidade da criação natural incluindo nós mesmos, geme pela ordem superior de existência que será revelada no dia em que Deus completar a redenção que operou, quando o “corpo sujeito a esta morte” (7.24) receberá a liberdade definitiva da glória do céu. É urna concepção grandiosa da obra de Cristo.

8.22 - Toda a criação geme. Nos versículos 22-27, Paulo fala de três gemidos diferentes: o da criação (v. 22), o dos crentes (v. 23) e o do Espírito Santo (v. 26). A "criação" (a natureza animada e inanimada) tornou-se sujeita ao sofrimento e às catástrofes físicas, por causa do pecado humano (v. 20). Deus, portanto, determinou que a própria natureza será redimida e recriada. Haverá novo céu e nova terra; uma restauração de todas as coisas, segundo a vontade de Deus (2 Co 5.17; Gl 6.15; Ap 21.1,5), quando, então, os fiéis servos de Deus receberão sua plena herança (vv. 14,23)

8.23 - Também gememos. Embora os crentes possuam o Espírito e as suas bênçãos, eles também gemem no íntimo, ansiando por sua plena redenção. Gemem por duas razões.

1) Os crentes, por viverem num mundo pecaminoso que entristece o seu espírito, continuam experimentando a imperfeição, a dor e a tristeza. Os gemidos do crente expressam a sua profunda tristeza sentida ante essas circunstâncias (2 Co 5.2-4).

2) Gemem ao suspirar por sua redenção total e pela plenitude do Espírito Santo que serão outorgadas na ressurreição. Gemem pela glória a lhes ser revelada e pelos privilégios da plena filiação celestial (2 Co 5.2,4).

8.26 – O espírito... intercede por nós com gemidos. No tocante à atividade do Espírito Santo em ajudar o crente a orar, três observações são importantes:

1) O filho de Deus tem dois intercessores divinos. Cristo intercede no céu pelo crente, perante a face do Pai (v. 34;1 Jo 2.1) e o Espírito Santo intercede no íntimo do crente, na terr

2) "Com gemidos", provavelmente, indica que o Espírito intercede juntamente com os gemidos do crente. Esses gemidos têm lugar no coração do crente.

3) Os desejos e anseios espirituais dos crentes têm sua origem no Espírito Santo, que habita em nosso coração. O próprio Espírito suspira, geme e sofre dentro de nós, ansiando pelo dia final da redenção (vv. 23-25). Ele apela ao Pai em favor das nossas necessidades "segundo [a vontade de] Deus" (v. 27)

A intercessão do Espírito (v. 26-30). O Espírito que em nós habita não é somente a garantia da nossa ressurreição e glória futura, mas também, mediante suas orações em nosso favor, temos a garantia de que Deus fará com que tudo quanto já nos aconteceu e tudo quanto ainda possa acontecer coopere juntamente para o nosso bem. É possível que nos esqueçamos de orar, mas o Espírito nunca se esquece. Deus cuidará de nós até o fim. Nunca nos esqueçamos de confiar nele.


8.28 - Todas as coisas contribuem juntamente para o bem. Este trecho traz grande conforto ao filho de Deus, quando temos que enfrentar sofrimentos nesta vida.

1) Deus fará o bem surgir de todas as aflições, provações, perseguições e sofrimentos. O bem que Deus leva a efeito é conformar-nos à imagem de Cristo e, finalmente, levar a efeito a nossa glorificação.

2) Essa promessa é limitada aos que amam a Deus e lhe são submissos mediante a fé em Cristo (cf. Êx 20.6; Dt 7.9; Sl 37.17; Is 56.4-7; 1 Co 2.9). (3) "Todas as coisas" não incluem os nossos pecados e nossa negligência (6.13; 6.16,21,23; Gl 6.8); isso quer dizer que ninguém pode alegar motivo para pecar, justificando que Deus fará resultar isso em bem

8.29 - Os que dantes conheceu. Neste versículo, conhecer de antemão é o equivalente a amar de antemão e é usado no sentido de "ter como objeto de estima afetiva" e "optar por amar desde a eternidade" (Êx 2.25; Sl 1.6; Os 13.5; Mt 7.23; 1 Co 8.3; Gl 4.9; 1 Jo 3.1).

1) A presciência de Deus, aqui, significa que Ele determinou desde a eternidade, amar e redimir a raça humana através de Cristo (5.8; Jo 3.16). O objeto da presciência (ou do amor eterno) de Deus aparece no plural e refere-se à igreja. Isso significa que o amor eterno de Deus objetiva, principalmente, o corpo coletivo de Cristo (Ef 1.4; 2.4; 1 Jo 4.19) e somente tem a ver com indivíduos à medida que estes integram esse corpo coletivo, mediante a fé permanente em Cristo e a sua união com Ele (Jo 15.1-6)

2) O corpo coletivo de Cristo alcançará a glorificação no porvir (v. 30). O crente, considerado à parte, não alcançará a glorificação, caso ele venha a separar-se do corpo de Cristo, amado de antemão pelo Pai, e deixar de conservar sua fé no Senhor (v. 12-14,17; Cl 1.21-23)

8.36 - Como ovelhas para o matadouro. As adversidades alistadas pelo apóstolo nos versículos 35,36 têm sido experimentadas pelo povo de Deus através dos tempos (At 14.22; 2 Co11.23-29; Hb 11.35-38). Nenhum crente deve estranhar o fato de experimentar adversidades, perseguição, fome, pobreza ou perigo. Aflições e calamidades não significam, decerto, que Deus nos abandonou, nem que Ele deixou de nos amar (v. 35). Pelo contrário, nosso sofrimento como crentes, abrir-nos-á o caminho pelo qual experimentaremos mais do amor e consolo de Deus (2 Co 1.4,5). Paulo nos garante que venceremos em todas essas adversidades e que seremos mais que vencedores por meio de Cristo (vv. 37-39; cf. Mt 5.10-12; Fp 1.29).

8.39 - O amor de Deus... em Cristo Jesus nosso senhor. Se alguém fracassar na sua vida espiritual, não será por falta da graça e amor divinos (vv. 31-34), nem por causa de poderes do mal ou adversidades demais (vv. 35-39), mas porque tal pessoa foi negligente na sua comunhão com Cristo. Somente "em Cristo Jesus" é que o amor de Deus foi manifestado e somente nEle o desfrutamos. Somente à medida que permanecemos em Cristo Jesus como "nosso Senhor" é que poderemos ter a certeza de que nunca seremos separados do amor de Deus.

Nada nos separará do amor de Cristo (v. 31-39). Ele morreu por nós. Ele nos tem perdoado. Ele nos concedeu sua continua presença na pessoa de seu Espírito. Se somos dele, nenhum poder na terra ou no céu poderá impedir que ele nos leve a si mesmo, à presença eterna de Deus. Essa é uma das passagens mais magníficas de toda a Bíblia.
CONTINUA NILZA CARDOSO

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