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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Livro de Atos



AULA 02
Atos 1:1-8
1 Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar,
2 até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera;
3 aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus.
4 E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes.
5 Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.
6 Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?
7 E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.
8 Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.

1.1 O primeiro tratado. No Evangelho segundo Lucas temos o relato de tudo que Jesus começou a fazer e a ensinar no poder do Espírito Santo (Lc 4.1,18). No livro de Atos temos a continuação do relato de como seus seguidores, no mesmo poder do Espírito Santo, proclamaram o mesmo evangelho, operaram o mesmo tipo de milagre e viveram o mesmo tipo de vida cristã. O Espírito Santo reproduzindo a vida e o ministério de Jesus através da igreja é a principal ênfase teológica do livro de Atos. Este livro poderia muito bem ser chamado Os Atos do Espírito Santo. Observe os itens abaixo sobre o registro inspirado do Espírito Santo no livro de Atos.
1) Todo o texto bíblico de Atos, inclusive o das narrativas históricas, tem relevância didática ( ensino) e teológica. Dois fatos confirmam esta verdade.
a) A declaração bíblica de que Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça (2 Tm 3.16).
b) A declaração paulina de que as narrativas do AT têm um propósito didático e instrutivo (1 Co 10.11).
Ele afirma que essas narrativas são exemplos de relevância prática e teológica para o crente (Rm 15.4). O que é válido às narrativas históricas do AT também o é a Atos.

2) Os propósitos primários que Lucas tinha em mente ao escrever o livro de Atos eram, portanto, os seguintes:
a) apresentar um padrão definitivo da atividade do Espírito Santo, a ser seguido durante toda a era da igreja;
 b) fornecer dados para a formulação de uma doutrina do Espírito Santo; e
c) mostrar como essa doutrina deve relacionar-se com a vida dos crentes em Cristo.
 Note especificamente dois elementos neste livro que são normativos na teologia e na prática: o registro repetido e harmônico de Lucas das muitas ocasiões em que ocorreu o batismo no Espírito Santo, ou quando os crentes foram cheios do Espírito Santo ( 2.39 1.5,8; 2.4; 4.8,31; 8.15-17; 9.17; 10.44-46; 13.9,52; 15.8; 19.1-6);  as muitas atividades do Espírito Santo no livro de Atos, que forneceram à igreja os padrões de justiça, de testemunho e do poder que Deus deseja para seu povo nos últimos dias

1.4 A promessa do pai. O prometido dom do Pai (Jl 2.28,29; Mt 3.11) é o batismo no Espírito Santo. O cumprimento desta promessa, no entanto, é descrito como ser cheios do Espírito Santo (2.4). Assim, batizado no Espírito e cheio do Espírito, às vezes, são usados como equivalentes nas Escrituras. A partícula grega que aparece nos pertinentes textos do NT leva para a tradução com ou no Espírito Santo, em se tratando do batismo pentecostal. Este batismo com ou no Espírito Santo, não deve ser identificado com o recebimento do Espírito Santo na ocasião da regeneração. São duas obras distintas do Espírito, muitas vezes separadas por um período de tempo.
1.5 Batizados com o espírito santo. A preposição com é a partícula grega, que pode ser traduzida como em ou com. Por isso, muitos preferem a tradução sereis batizados no Espírito Santo. Da mesma forma, batizado com água pode ser traduzido batizado em água. O próprio Jesus é aquele que batiza no Espírito Santo os que nEle crêem.

1.8 Recebereis a virtude. O termo original para virtude é dunamis, que significa poder real; poder em ação. Esse é o versículo-chave do livro de Atos. O propósito principal do batismo no Espírito Santo é o recebimento de poder divino para testemunhar de Cristo, para ganhar os perdidos para Ele, e ensinar-lhes a observar tudo quanto Cristo ordenou. Sua finalidade é que Cristo seja conhecido, amado, honrado, louvado e feito Senhor do povo de Deus ( Mt 28.18-20; Lc 24.49; Jo 5.23; 15.26,27).
1) Poder significa mais do que força ou capacidade; designa aqui, principalmente, o poder divino em operação, em ação. O batismo no
Espírito Santo trará o poder pessoal do Espírito Santo à vida do crente
 2) Note que neste versículo Lucas não relaciona o batismo no Espírito Santo com a salvação e regeneração da pessoa, mas com o poder celestial no interior do crente para este testemunhar com grande eficácia.
 3) A obra principal do Espírito Santo no testemunho e na proclamação do evangelho diz respeito à obra salvífica de Cristo, à sua ressurreição e à promessa do batismo no Espírito (2.14-42).

1.8 Ser-me-eis testemunhas. O batismo no Espírito Santo não somente outorga poder para pregar Jesus como Senhor e Salvador, como também aumentam a eficácia desse testemunho, fortalecido e aprofundado pelo nosso relacionamento com o Pai, o Filho e o Espírito Santo por termos sido cheios do Espírito (Jo 14.26; 15.26,27).
1) O Espírito Santo revela e torna mais real para nós a presença pessoal de Jesus (Jo 14.16-18). Uma comunhão íntima com o próprio Jesus Cristo resultará num desejo cada vez maior da nossa parte de amar, honrar e agradar nosso Salvador.

 2) O Espírito Santo dá testemunho da justiça (Jo 16.8,10) e da verdade (Jo 16.13), as quais glorificam a Cristo (Jo 16.14), não somente com palavras, mas também no modo de viver e no agir. Daí, quem tem o testemunho do Espírito Santo a respeito da obra redentora de Jesus Cristo, manifestará com certeza, à semelhança de Cristo, o amor, a verdade e a justiça em sua vida ( 1 Co 13).

 3) O batismo no Espírito Santo outorga poder para o crente testemunhar de Cristo e produz nos perdidos a convicção do pecado, da justiça e do juízo. Os efeitos desta convicção se tornarão evidentes naqueles que proclamam com sinceridade a mensagem da Palavra e naqueles que a recebem (2.39,40).

 4) O batismo no Espírito Santo destina-se àqueles cujos corações pertencem a Deus por terem abandonado seus maus caminhos (2.38; 3.26), e é mantido mediante a mesma dedicação sincera a Cristo.

5) O batismo no Espírito Santo é um batismo no Espírito que é santo (Espírito de santificação, Rm 1.4). Assim, se o Espírito Santo realmente estiver operando em nós plenamente, viveremos em maior conformidade com a santidade de Cristo. À luz destas verdades bíblicas, portanto, quem for batizado no Espírito Santo, terá um desejo intenso de agradar a Cristo em tudo o que puder. Noutras palavras: a plenitude do Espírito complementa (completa) a obra salvífica e santificadora do Espírito Santo em nossa vida. Aqueles que afirmam ter a plenitude do Espírito, mas vivem uma vida contrária ao Espírito de santidade, estão enganados e mentindo. Aqueles que manifestam dons espirituais, milagres, sinais espetaculares, ou oratória inspiradora, mas não têm uma vida de verdadeira fé, amor e retidão, não estão agindo segundo o Espírito Santo, mas segundo um espírito impuro que não é de Deus (Mt 7.21-23; Mt 24.24; 2 Co 11.13-15;).

Esboço:
Prólogo (1.1-26)
1. Pregação do evangelho em Jerusalém (2.1—8.3)
a. O primeiro Pentecostes cristão (2.1-42)
b. A vida dos primeiros cristãos (2.43—5.16)
c. As primeiras perseguições (5.17—8.3)
2. Pregação do evangelho em Samaria e Judéia (8.4—9.43)
3. Pregação do evangelho aos gentios (10.1—28.31)
a. Atividade de Pedro (10.1—12.25)
b. Primeira viagem missionária de Paulo (13.1—14.28)
c. A assembléia de Jerusalém (15.1-35)
d. Segunda viagem missionária de Paulo (15.36—18.22)
e. Terceira viagem missionária de Paulo (18.23—20.38)
f. Prisão de Paulo e viagem a Roma (21.1—2)
NILZA CARDOSO


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