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sábado, 23 de outubro de 2010

UMA IGREJA EM CORINTO


Pelo menos duas situações especiais motivaram o apóstolo Paulo a enviar sua primeira Carta aos Coríntios. Por um lado, Paulo havia recebido notícias da situação da igreja e, cm especial, de certos abusos (1 Co 1.11). Por outro lado, os coríntios haviam escrito urna carta a Paulo, pedindo explicação sobre alguns aspectos que lhes criavam problemas (I Co 7.1).
Toda a Carta é, pois, uma instrução para corrigir deficiências e para aprofundar mais a mensagem do evangelho que os coríntios já tinham recebido. Observando estes pormenores, fica fácil entender os principais temas abordados nesta magnífica Carta.

1. QUALIDADE DO TEXTO
1. Escrito em Efésos (1 Co 16.8).
Provavelmente, entre os anos 54 e 57 d. C. Os cristãos não devem ficar preocupados com a falácia dos críticos quanto à qualidade do texto de 1 e 2 aos Coríntios. Mesmo que tenha havido urna carta anterior a 1 Coríntios, e que se tenha perdido, e o mesmo acontecido com outra entre 1 e 2 aos Coríntios, podemos afirmar que estas duas, que são canônicas, conservadas para nós e para os crentes de todos os tempos, é que foram inspiradas por Deus para tratar dos assuntos de interesse do povo d’Ele em todas as épocas, tanto de ordem doutrinária quanto ética.

2. Manual de pragmática cristã.
Este magnífico tratado Paulino preservou não tanto um manual de doutrina cristã, e, sim, um manual de conduta cristã, padrão de ética cristã. A verdadeira pragmática cristã, fundamentada na unidade e no amor de Cristo, é desenvolvida para que toda a igreja seja edificada. A igreja do Senhor Jesus Cristo, em todos os tempos, não pode viver e nem tolerar os costumes da sociedade amoral na qual está inserida.

II. VARIEDADE DOS ASSUNTOS ABORDADOS
1. Parte introdutória. Como introdução, encontramos aquela parte comum às cartas do apóstolo Paulo, como: saudação (11-3) e ações de graças (1.4-9). Paulo reconhece que a igreja é de Deus.

2. Aparecimento dos primeiros temas. Aparece então o primeiro tema próprio da Carta, que diz respeito às divisões ou grupos que se formaram na igreja (1.10-4.21). Paulo diz aos coríntios que tais divisões são, em primeiro lugar, contrárias à unidade de Cristo (1.1 0-1 7). Logo em seguida, demonstra-lhes que na verdade eles não haviam aprendido a verdadeira sabedoria, a sabedoria de Deus, distinta da sabedoria do mundo (1.18-3.43. E como essas divisões desfraldavam como bandeira a pessoa de um apóstolo ou de um pregador, Paulo se viu na necessidade de recordar-lhes quem é o missionário e qual é a sua missão (3.5-4.5). Finalmente, chama-lhes a atenção por causa do comportamento orgulhoso (4.6-2 1).

3. Tratamento de outros problemas. Paulo critica a igreja por sua atitude condescendente (e até mesmo conivente) no caso em que um de seus membros mantinha uma atitude imoral (5,1-13). Censura a coragem de alguns irmãos, ao recorrer a tribunais pagãos contra membros da própria igreja; já era uma vergonha para eles, e para o evangelho de Cristo, a existência’ de pleitos; muito mais, a procura desses tribunais seculares (6.1-1 1). A seguir, corrige algumas idéias dos Coríntios sobre a liberdade sexual (6.12-19).

4. Respostas a diversas perguntas. Nesta nova seção, ele passa a responder as consultas dos Coríntios, feitas por carta. Em primeiro lugar, sobre o matrimônio, o celibato continente e a virgindade (7.1-40). E, em continuação, sobre o comportamento do crente em relação aos alimentos sacrificados aos ídolos e depois vendidos no mercado (8,1-11.1). A liberdade cristã tem um limite e o crente precisa conhecê-lo. Nem tudo edifica.

5. Orientação sobre a conduta da igreja. Aparece então uma seção em que o apóstolo trata da questão da ordem em alguns aspectos da vida na igreja local, como a conduta das mulheres nas reuniões
I (11.2-16) e da maneira como devia ser o porte cristão durante a celebração da Ceia do Senhor (11 .17-34).

6. A questão dos dons espirituais. Então, ele volta a tratar de outro tema sobre o qual havia sido consultado pelos coríntios; e ele não queria que a igreja fosse ignorante no assunto: os dons espirituais ou carismas - sua realidade e seu exercício dentro da igreja local. Paulo ensina-lhes a valorizá-los corretamente, instruindo-os acerca do correto exercício dos mesmos, mostrando-lhes que tal exercício precisa estar afinado, harmonizado e que isso só pode ser feito pelo amor. O amor é o diapasão dos dons Os dons espirituais foram dados pelo Espírito Santo à igreja, para que esta seja educada, consolada, corrigida, confortada, enfim, edificada (12.1-14.40). Não para manifestação do orgulho ou autoridade espiritual. Exercitemos os dons espirituais, mas, com cuidado. Para a glória de Deus.

7. A ressurreição. Finalmente, o apóstolo dá uma magnífica explicação sobre a ressurreição dos mortos, como conseqüência da ressurreição de Cristo Jesus, Por isso, deve ser entendida corretamente (15.1-58).

8. Abordagem final. Na conclusão da Carta, aparecem instruções sobre a coleta em favor dos cristãos de Jerusalém (16.1.4) informações sobrei seus planos dc viagem (16.S-11). Algumas reconsiderações concretas sobre a vida crista em geral (16.13-18) e suas saudações e despedidas de costumes (16.19-24).

Corinto localiza-se no istmo que une a parte continental (Sul da Grécia), à península do Peloponeso. A antiga cidade foi destruída por um terremoto e uma nova foi construída em 1858, distante 5 km, a NE da antiga.

I. CORINTO - METRÓPOLE COM DIFICULDADES EPRIVILÉGIOS
— 1. Localização da cidade. Corinto, por sua posição estratégica, num istmo, é banhada por dois mares: o Egeu, a Leste; o Jônico, a Oeste. Por isso, dotada de dois portos: o de Cencréia, 13 km a Leste; e o de Lequém, três km a Oeste.

2. Os dois portos ocasionavam grande agitaçáo na cidade. Por causa do istmo, a distância de um porto de Corinto ao outro, por mar, era de 320 km, cuja viagem era muito perigosa. Enquanto os dois portos estão separados um do nutro por apenas 16 km, através de uma estrada chamada Diolcos, que corta a cidade. A maior parte das mercadorias era trocada entre os portos em carroças ou lombos de animais.

3. Os habitantes de Corinto. No primeiro século D. C., a cidade era habitada por ex-combatentes romanos e ex-escravos, procedentes da ltàlia, ou por seus descem’ dentes; também por colonos e cidadãos romanos. A comunidade judaica, formada na sua maioria por judeus expulsos de Roma pelo imperador Gáudio, também era muito grande. Na época de Paulo, a população era estimada em cerca de 600 mil, sendo 200 mil livres e 400 mil escravos.

4. Importância da cidade e suas implicações espirituais. Corinto era a capital de Acaia (região formada por 12 cidades ao Norte do Peloponeso). Tanto por sua posição geográfica como política, tinha uma ativa vida comercial e religiosa. Desfrutava de grande prosperidade material e sofria com a impureza e devassidão moral. Alguns autores antigos falaram sobre o extremado estilo de vida, com seus costumes aberrantes. Nesse aspecto, a situação de Corinto devia ser semelhante à de tantas outras cidades portuárias do Mediterrâneo. Gente afluindo do Oriente, pelo mar Egeu; e do Ocidente, pelo Jônico. Paulo fala da idolatria, com sua prostituição cultual à luz do dia (havia altares consagrados a Zeus, Hermes, Artemis, Apoio, Dionisio, Héracles- todos eles dentro do templo de Afrodite). Havia avareza, roubos e crimes diversos, que mostram o estado moral daquela cidade na época.

II. A IGREJA DE CORINTO - CHEIA DE BÊNÇÃOS E PROBLEMAS
1. Paulo fundou a igreja de Corinto. A igreja em Corinto foi fundada por Paulo em sua segunda viagem missionária (At. 18.1-18), no final do ano 49 D. C. e princípio do ano 50, quando saiu de Atenas, Ele disse que chegou com fraqueza, temor e grande tremor (1 Co 2.3), para pregar a Cristo crucificado (I Co 2.2), com demonstração do Espírito e de poder (l Co 2.4). E para dar bom exemplo desde o princípio, trabalhava para obter o seu próprio sustento, junto com Áquila e Priscila (At. 18.2,3; I Co 93-18; 2Ts 3.7-9), para gratuitamente expor o evangelho de Cristo (2Co 11.7), não se fazendo pesado a ninguém (2Co 11.9). No início do trabalho, Paulo ia todos os sábados à sinagoga, onde pregava, persuadindo tanto judeus como gregos (At. 18.4). Desta forma, entende-se que alguns desses cristãos procediam do judaísmo; a maioria, no entanto, era de origem pagã, idólatra (l Co 12,2).
2. A igreja era socialmente eclética. A igreja em Corinto era constituída por uma mistura de: escravos (I Co 7.21), gente de baixa condição social e gente de elevada posição social (1 Co 1.16; 11.17-22). Havia pessoas que, dizendo-se crentes, fazendo-se passar por ovelhas, eram lobos devoradores que, em muitas ocasiões, não escondiam seus dentes: incestuosos, promotores de contendas, causadores de divisões e separações, orgulhosos, desordeiros que perturbavam a ordem no culto, comilões e beberrões.

3. Havia na igreja uma plêiade de bons crentes. Em contrapartida aos maus crentes, havia muita gente boa. Crentes de fato e de verdade. É sempre assim: na seara do Senhor pode haver joio (que no final será arrancado pelos anjos de Senhor, para ser queimado), mas existe muito trigo de boa qualidade que, após a colheita, irá para os celeiros do Senhor. Alguns desses membros aparecem em destaque: os da casa de Cloé (1 Co 1.11), Crispo, o principal da sinagoga (At 18.8) e Gaio (l Co 1.14), os da casa de Estéfanas (1 Co 1.16; 16.15), Fortunato e Acaico (lCo 16.17) e Tício Justo, homem temente a Deus e que abrira as portas de sua casa para Paulo entrar e pregar, depois que fora expulso da sinagoga (At 18.7). Paulo só pôde permanecer ali por um período de um ano e meio (At. 18.11) e conseguiram lançar apenas os fundamentos da fé cristã Co 3.6,10.

4. A chegada de pessoas de destaque. Mais tarde, chegaram outros mestres, dentre os quais Paulo faz menção de Apoio e de Cefas, de maneira especial (lCo 1.12). A atividade dos mestres que vieram posterior- mente foi ocasião para se criarem divisões e grupos dentro da igreja. Por outro lado, a intensa vida carismática que se desenvolveu na igreja em Corinto levou alguns crentes a acreditarem ser demasiadamente sábios e importantes. Além disso, o passado pagão.
Da maioria dos cristãos e o contato inevitável com urna sociedade pagã, acostumada com toda sorte de libertinagem, assim como as diferenças sociais entre os próprios membros da igreja, deram lugar a uma série de situações e abusos que, não só motivaram, como exigiram a intervenção de Paulo.

5. O apóstolo mantinha contatos com a igreja. O apóstolo Paulo havia estado em contato permanente com esta igreja, ora por carta, ora pessoalmente, ora por meio de mensageiros. Esta carta foi enviada à igreja pelas mãos de Timóteo. De toda correspondência de Paulo com cristãos de Corinto, duas cartas, pelo menos, foram preservadas: 1 e 2 Coríntios. Porém, é certo que antes de 1 Coríntios já lhes havia escrito (ICo 5.9). Também é provável que haja outra carta dele entre I Co e 2Co (2Co 2.4).

CONCLUSÃO
Existe muito material bom para professores e alunos adquirirem maior conhecimento sobre a cidade Corinto e a igreja de Deus plantada ali. Apesar de todos os problemas, lutas e dissabores é preciso não perder de vista a lição que aprendemos ao estudar esta história: a igreja de Deus, formada pelos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos (1 Co 1.2). Ë assim que Paulo vê a igreja que ele, como ministro, nas mãos do Espírito Santo, plantou. Agora, ele cuida dela, como plantação do Senhor,

INTRODUÇÃO 1 e 2 Coríntios,
1 e 2 Coríntios, são duas cartas escritas pelo apóstolo Paulo, no Primeiro Século, à igreja na cidade de Corinto.
A primeira trata de problemas da igreja local; enquanto que a segunda é uma defesa do ministério de Paulo em face de falsos ensinos a seu respeito.

Que importância têm estes livros para nós, hoje? O que eles têm a dizer a respeito da nossa situação, da nossa vida, e dos nossos problemas? Fiquemos certos de que eles têm muito a dizer e ensinar à nossa geração.
O Espírito Santo inspirou estes escritos e determinou que fossem incluídos nas Santas Escrituras por razões muito especiais. Neles, Deus indica princípios pelos quais devemos viver se quisermos ter uma vida verdadeiramente cristã. Também, é de grande importância para todo crente o que diz o Espírito Santo nas Escrituras sobre a natureza do servo do Senhor.
Notem, então, as razões principais porque devemos estudar estas duas epístolas de Paulo:
1. O Valor Histórico            
2. O Valor Teológico           
3. O Valor Espiritual

1. O Valor Histórico
1 Coríntios revela a natureza e o problema duma igreja neotestamentária nascida em ambiente pagão. Em nenhum lugar no Novo Testamento podemos ter melhor retrato dos problemas enfrentados por uma igreja local do que nesta Epístola. Aprendemos que em meio às manifestações do Espírito Santo e o zelo religioso dos crentes, a igreja local não era perfeita e tinha muito que aprender. Outro ponto para a nossa consideração é a explicação sobre a adoração ou culto verdadeiramente carismático da Igreja primitiva.
2. O Valor Teológico

1 e 2 Coríntios não são uma completa exposição da doutrina cristã, mas tratam de preciosas verdades doutrinárias. Temos nelas o ensino sobre a glória do Evangelho, o amor, os dons espirituais, a ressurreição do crente, escatologia e santificação. Estas epístolas contêm mais teologia do que geralmente se supõe. Podemos ver com clareza que a teologia exposta por Paulo não é algo abstrato, irreal, mas intensamente relacionada à nossa vida, motivação e conduta.

3. O Valor Espiritual
Nestas cartas temos alguns dos segredos básicos da vida espiritual. Suas instruções sobre pecado, imortalidade e santidade, são altamente indispensáveis, hoje. Há nelas ensinos inigualáveis sobre o amor e a manifestação do Espírito Santo na vida do crente.

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